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Três meses depois das primeiras manchas, origem do óleo é desconhecida, e ninguém foi indiciado

Mais de 800 locais já foram atingidos pelas manchas de óleo no litoral. Investigação da Polícia Federal aponta navio grego como principal suspeito, mas empresa que fez laudo usado pela PF para chegar a embarcação diz que não descartou 'navios piratas'.

30/11/2019 às 09h13 Atualizada em 30/11/2019 às 09h26
Por: Wesley Gomes Fonte: G1
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Reprodução
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Três meses depois de as primeiras manchas de óleo surgirem no litoral da Paraíba, o número de locais afetados ainda aumenta: mais de 800 pontos já foram atingidos, segundo o Ibama. O governo federal criou um grupo de trabalho para coordenar a resposta ao desastre e investigar sua origem. Apesar disso, nenhum navio ou empresa foi indiciado.

Para o coordenador do Centro Nacional de Monitoramento e Informações Ambientais (Cenima), ligado ao Ibama, a chance de encontrar a origem do óleo é cada vez menor.

A investigação conduzida pela Polícia Federal do Rio Grande do Norte em conjunto com a Marinha apontou o navio grego Bouboulina como o principal suspeito pela poluição. No entanto, além dele, a Marinha notificou outros 29 navios. Especialistas em análise de imagens por satélite questionam a validade do levantamento usado pela PF para chegar ao Bouboulina, porque o óleo no mar pode não ser visível em imagens de satélite.

Abaixo, 7 perguntas sobre o tema:

  • Qual a cronologia e a evolução da contaminação das praias?
  • Qual foi a resposta do governo?
  • Quais as possíveis origens do óleo?
  • O que diz a Polícia Federal?
  • O que diz o Ibama?
  • O que diz a Marinha?
  • O que se sabe sobre o óleo?

Veja as respostas às principais dúvidas:

Qual a cronologia e a evolução da contaminação?

As primeiras manchas de óleo foram registradas em 30 de agosto no litoral da Paraíba. Desde então, o material se espalhou rapidamente pela costa e atingiu todos os estados do Nordeste, além do Espírito Santo e, mais recentemente, do Rio de Janeiro. Algumas localidades foram atingidas pelo óleo mais de três vezes diferentes, segundo levantamento feito pelo G1 no início de novembro.

Nas últimas semanas, o volume de óleo encontrado nas praias diminuiu, segundo a Marinha. No entanto, ao longo dos últimos três meses, quase 5 mil toneladas foram recolhidas.

Segundo a chefe de emergências ambientais do Ibama, Fernanda Pirillo, três fatores fazem com que o desastre seja considerado "sem precedentes": a extensão da área afetada, a recorrência do óleo em áreas previamente limpas e o desconhecimento da origem do poluente.

Qual foi a resposta do governo?

Ambientalistas criticaram a resposta governamental ao desastre do óleo nas praias. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, visitou em outubro estados atingidos pelas manchas, mas o presidente Jair Bolsonaro ainda não esteve no Nordeste desde o início da crise. As principais ações oficiais contra o avanço das manchas de óleo foram:

  • Ativação do Plano Nacional de Contingência
  • Criação do Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA)
  • Abertura de inquérito da Polícia Federal
  • Monitoramento do Ibama e da Marinha

Quais são as possíveis origens do óleo?

A linha de investigação mais ventilada é que um vazamento tenha ocorrido ou de um navio ou em uma transferência de carga entre dois navios na corrente Sul-Equatorial, a aproximadamente 600 a 700 km da costa brasileira.

A Polícia Federal, em inquérito baseado em um relatório de uma empresa privada, disse que o principal suspeito é o navio grego Bouboulina. A conclusão é baseada em imagens de satélite que mostrariam que o navio passou no local onde haveria uma grande mancha de óleo no oceano.

A Universidade Federal de Alagoas (Ufal) localizou duas manchas que seriam de óleo: uma no Sul da Bahia e outra no Rio Grande do Norte. A partir disso, os pesquisadores chegaram a uma embarcação que percorre a rota Ásia-África-América com frequência e que transportava petróleo venezuelano.

Já o Ibama disse, por meio de notas técnicas, que não é possível visualizar a mancha por meio de imagens de satélite, já que ela não fica na superfície.

O que diz a Polícia Federal?

A Operação Mácula apontou o navio grego Bouboulina como principal suspeito de derramar ou vazar o óleo. A investigação da polícia se baseou em um relatório da empresa HEX Tecnologias Geoespaciais: feito em seis dias, o levantamento analisou 829 imagens de satélites das agências espaciais americana (Nasa) e europeia (ESA) por meio de uma plataforma de processamento.

O resultado anunciado dessa análise foi a detecção de uma feição de óleo a cerca de 700 quilômetros da costa da Paraíba.

O que diz o Ibama?

Uma das principais dificuldades em apontar a origem do óleo está na sua condição de dispersão. Diversos especialistas do Ibama ouvidos pelo G1 disseram que o petróleo que contamina o litoral brasileiro se dispersa de maneira subsuperficial, ou seja, a até 2 metros de profundidade.

Em 16 de outubro, servidores do Ibama que trabalham com monitoramento de satélites disseram que, após extensa análise de imagens, não foram encontradas manchas de óleo no oceano. Segundo eles, essa análise demonstra que o óleo não veio boiando pelo oceano até atingir as praias, mas que estava submerso, o que dificulta a localização da origem do vazamento por meio de imagens e radares.

Em entrevista ao G1, a diretora de emergências ambientais do instituto, Fernanda Pirillo, confirmou que a "condição de dispersão subsuperficial faz com que o óleo não seja detectado por imagem de radar." Segundo Pirillo, o Ibama não teve acesso ao relatório feito pela HEX Tecnologias Geoespaciais, que embasou o inquérito da PF.

O que diz a Marinha?

Em 10 de outubro, 42 dias após surgir a primeira mancha de óleo no Nordeste, a Marinha informou que investigava 30 navios-tanque de 10 diferentes bandeiras. Para chegar a estas embarcações, foram analisados 1.100 navios-tanque que circularam entre 1º de agosto e 1º de setembro numa área de 800 km de distância da costa brasileira, entre Sergipe e Rio Grande do Norte.

No dia 15 de novembro a Marinha publicou nova nota reiterando que trabalha com "várias linhas de investigação".

"As investigações prosseguem com apoio de instituições públicas e privadas, nacionais e estrangeiras. Todos os recursos disponíveis serão empregados, até que as circunstâncias e a fonte causadora de crime sejam elucidadas”, afirmou a nota.

A empresa Delta Tankers Ltd., administradora do navio Bouboulina, levantado pela Polícia Federal como um dos suspeitos pelo vazamento, informou no dia 5 de novembro que foi notificada pela Marinha do Brasil junto com outras 4 embarcações gregas. São elas:

  • Maran Apollo
  • Maran Libra
  • Minerva Alexandra
  • Cap Pembroke

O que se sabe sobre o óleo?

Segundo a Petrobras, o petróleo bruto que atinge as praias do Brasil é de origem venezuelana. As análises da empresa, no entanto, ainda não foram divulgadas ao público, o que poderia facilitar o trabalho de investigação de cientistas, segundo Bjorn Bergman, da Skytruth.

A Marinha afirma que as amostras analisadas pelo Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM) e também pela Petrobras mostraram que o óleo encontrado em diferentes praias do Nordeste é o mesmo e que teria sido extraído em campos da Venezuela. “Como contraprova, foram emitidas amostras desse óleo para análise por instituições no exterior, a fim de ratificar suas características e origem”, disse a Marinha em nota.

Apesar disso, ainda não foram divulgadas ao público a íntegra das análises do IEAPM, da Petrobras e das instituições internacionais citadas pela Marinha.

Patrulha da Marinha acha indícios de óleo na praia de Taíba, no litoral cearense — Foto: Helene Santos/SVM

O que se sabe sobre o óleo?

 

Segundo a Petrobras, o petróleo bruto que atinge as praias do Brasil é de origem venezuelana. As análises da empresa, no entanto, ainda não foram divulgadas ao público, o que poderia facilitar o trabalho de investigação de cientistas, segundo Bjorn Bergman, da Skytruth.

A Marinha afirma que as amostras analisadas pelo Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM) e também pela Petrobras mostraram que o óleo encontrado em diferentes praias do Nordeste é o mesmo e que teria sido extraído em campos da Venezuela. “Como contraprova, foram emitidas amostras desse óleo para análise por instituições no exterior, a fim de ratificar suas características e origem”, disse a Marinha em nota.

Apesar disso, ainda não foram divulgadas ao público a íntegra das análises do IEAPM, da Petrobras e das instituições internacionais citadas pela Marinha.

 
Patrulha da Marinha acha indícios de óleo na praia de Taíba, no litoral cearense — Foto: Helene Santos/SVMPatrulha da Marinha acha indícios de óleo na praia de Taíba, no litoral cearense — Foto: Helene Santos/SVM
 
 
 
 
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